quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Rodolfo Teófilo Moedeiros Falsos



Trecho de crônica de Rodolfo Teófilo  

"Moedeiros Falsos"
             (...)
             Recolhi-me ao gabinete e aí cismava nas cousas da vida, sentindo uma volúpia, que só a alma do cearense é capaz de sentir, ouvindo o tamborilar da chuva no telhado.
(...)
A chuva continuava, e eu, para matar o tempo, procurei um livro.
Fui à estante e o primeiro em que puz a mão foi “O Pão” – da gloriosa – “Padaria Espiritual”.
Feliz coincidência! Tinha com que me deleitar, ia remoçar vinte anos, viver das gratas recordações do passado, em que meu espírito de moço tinha ilusões e era crente.
Aquelas folhas estavam impregnadas do perfume suave das flores da mocidade.
Nelas eu acharia um lenitivo aos enganos da velhice, às saudades dos tempos idos, das ilusões que ficariam perdidas pelos ínvios caminhos da existência, se avivariam, mas me confortando, como bem disse Garrett.
Abri o livro e me vi cercado dos meus bons e queridos companheiros da Padaria, dos quais a morte levou a maioria ainda no alvorecer da vida.
Transportei-me reminiscências! As sessões aos sábados, aqueles inesquecíveis serões literários, eu os estava assistindo; as figuram que eu via espiritualmente se corporizavam e eu as estava vendo como naquela época. A ilusão era perfeita! Que saudade me pungia todo!... Todos eles ao redor de mim, como se a maior parte deles pudesse se erguer do sepulcro e para mim vir! (sic).
(...)
      Cenas e Tipos

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