sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

1 e 2º anos - OS SOFRIMENTOS DO JOVEM WERTHER



      
     Em Os sofrimentos do jovem Werther, Goethe produziu uma intensa obra de arte que traduziu os seus tormentos e estados de alma juvenis. Na trama, o editor-narrador Guilherme publica as memórias do seu melhor amigo, Werther, durante uma longa temporada num vilarejo alemão. Na série de cartas publicadas, lemos a descrição do amor febril e avassalador do protagonista por Carlota, filha de um magistrado provincial. A seguir, leremos um trecho em que Werther descreve o seu arrebatamento sentimental pela jovem.

(Carta 20) 16 de Julho.

                  “Ela é sagrada para mim. Todos os desejos morrem em sua presença. Desconheço o estado em que existo quando estou a seu lado; figura-se me que sou todo alma. Ela tem uma ária que toca no cravo com a energia de um anjo; quanto é expressiva e maviosa e ao mesmo tempo singela! É a sua ária favorita, e dissipam-se todas as minhas penas, os meus pesares, enfim, todos os meus males logo à primeira nota que Carlota toca.
         Sensibilizam-me a tal ponto aqueles sons harmoniosos que acredito inteiramente em tudo que se diz a respeito do encanto que produzia a música dos antigos. Quantas vezes ela toca em momentos em que eu desejaria despedaçar-me; então as trevas da minha alma, perturbação desapareceram e eu respiro com mais liberdade.” (p. 60 e 61)

Vocabulário:

Ária: composição destinada ao canto, de conteúdo romântico e sentimental.
Cravo: instrumento de teclas de origem européia. O seu som é produzido por cordas que são beliscadas por dispositivos internos.
Maviosa: agradável, suave, delicada.

         No trecho lido, podemos perceber vários traços que caracterizam a estética romântica. Na primeira frase, a personagem estabelece uma distinção explicita entre a mulher amada e a si. Carlota é descrita como “sagrada”, ou seja, Werther a coloca num plano superior, fazendo assim um contraponto entre ele, homem sequioso de desejos, preso a este mundo imperfeito, e a Carlota, quase um ser divino, repleta de pureza e de amor. O sentimento da personagem é profundamente exacerbado e sua ação e decisão são guiadas pelo seu coração. A personagem está completamente apaixonada por Carlota que não consegue conceber a sua existência sem a simples presença do seu amor. Dominado por um sentimento exagerado, ele cita que “as trevas da minha alma” desapareceram quando Carlota tocava ao cravo. O individualismo é extremo, pois o mundo e sua circunstancia descritas pelo narrador mundo conforme o estado de espírito da personagem. Essa paixão desmedida levará a personagem a um desfecho trágico
        

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