Trecho
de crônica de Rodolfo Teófilo
"Moedeiros
Falsos"
(...)
Recolhi-me ao gabinete e aí cismava nas cousas
da vida, sentindo uma volúpia, que só a alma do cearense é capaz de sentir,
ouvindo o tamborilar da chuva no telhado.
(...)
A
chuva continuava, e eu, para matar o tempo, procurei um livro.
Fui
à estante e o primeiro em que puz a mão foi “O Pão” – da gloriosa – “Padaria
Espiritual”.
Feliz
coincidência! Tinha com que me deleitar, ia remoçar vinte anos, viver das
gratas recordações do passado, em que meu espírito de moço tinha ilusões e era
crente.
Aquelas
folhas estavam impregnadas do perfume suave das flores da mocidade.
Nelas
eu acharia um lenitivo aos enganos da velhice, às saudades dos tempos idos, das
ilusões que ficariam perdidas pelos ínvios caminhos da existência, se
avivariam, mas me confortando, como bem disse Garrett.
Abri
o livro e me vi cercado dos meus bons e queridos companheiros da Padaria, dos
quais a morte levou a maioria ainda no alvorecer da vida.
Transportei-me
reminiscências! As sessões aos sábados, aqueles inesquecíveis serões literários,
eu os estava assistindo; as figuram que eu via espiritualmente se corporizavam
e eu as estava vendo como naquela época. A ilusão era perfeita! Que saudade me
pungia todo!... Todos eles ao redor de mim, como se a maior parte deles pudesse
se erguer do sepulcro e para mim vir! (sic).
(...)
Cenas
e Tipos
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