sábado, 18 de agosto de 2012

HÉRACLES E A ORIGEM MÍTICA DA VIA LÁCTEA

A Origem da Via Láctea. Pintura do mestre renascentista italiano  Jacopo Tintoretto (1575), National Gallery, Londres.
  

Uma das funções do mito é apresentar uma explicação alegórica em forma de narrativa para a origem do mundo, dos homens e das coisas. Um exemplo interessante é a origem do nome da Via Láctea, galáxia em forma de espiral, onde está localizado o Sistema solar, lar de seres bastante inquietos e contraditórios: os homens.

A Via Láctea, desde tempos imemoriais, cativa a imaginação dos homens. Só podemos contemplar sua beleza em noites escuras, em desertos ou no topo de montanhas remotas. Sem a poluição luminosa das grandes cidades, podemos admirar em todo o seu esplendor esse longo arco branco pontilhado de estrelas.

Atualmente, a teoria científica mais aceita sobre a origem do universo e de tudo que reside nele é a do Big Bang, mas na Grécia antiga, a origem da Via Láctea estava relacionada ao mito de Herácles.

Héracles (ou Hércules para os romanos) é o mais célebre herói grego. Ele é filho de Zeus (Senhor do Olimpo e dos raios) com a mortal Alcmena. Dessa união nasceu um bebê superforte, que seria capaz de proteger os mortais e os deuses, que reinaria sobre a casa de Perseu. O seu nome Héracles,  significa a “glória de Hera” (essa é outra história, mais comprida e empolgante). Contudo, a esposa de Zeus, Hera, não gostava nem um pouco dessa “escapulidas” de seu marido, perseguindo, tanto as amantes, quanto os infantes frutos do rei dos deuses.

Como Zeus previra uma vida repleta de glórias para o seu filho, tinha urgência em conquistar a imortalidade dele. Isso só podia ser garantido, se Héracles fosse amamentado pelo leite divino de Hera, ao menos uma vez. Como realizar tal façanha, se a deusa tinha ódio mortal do pequeno bastardo? 


 O nascimento da Via Láctea, 1636. Quadro do pintor  barroco Peter Paul Rubens. 
 

Zeus pediu ajuda a Hermes (mensageiro dos deuses e figura deveras esperta) para levar o bebê Héracles junto à esposa enquanto ela dormia. Héracles é colocado no colo de Hera e sugou o leite de seu seio com bastante força, causando muita dor. Ela acordou, de sobressalto, e empurrou o bebê violentamente. Um jorro de leite saiu do seio de Hera e manchou os céus, formando o caminho de estrelas que deu origem ao que chamamos de Via Láctea. No poema épico “Eneida” (séc. I a. C.), o poeta romano Virgílio narra outra versão do mito, explicando que Hera fora induzida pela deusa Atena a amamentar o bebê, sem saber que se tratava de Héracles. Através do leite divino, Héracles se tornou imortal e, em sua juventude e maturidade, passou por diversas aventuras e realizou os famosos “12 trabalhos”. Além das fontes mitológicas gregas, bem como poemas e tragédias, existem várias fontes para conhecermos o mito de Héracles, um livro interessante é o do estudioso brasileiro Junito de Souza Brandão, “Mitologia Grega”. A obra é composta de três volumes, sendo o terceiro dedicado aos heróis.

 Hércules e a hidra, 1475,  preservada na Galeria Uffizi, em Florença. Por Antonio del Pollaiuolo.

 O mito trabalha com o pensamento poético, pois os antigos, ao observarem a abóbada celeste limpa e repleta de estrelas, viam uma grande faixa de aspecto leitoso que cruzava todo o céu. Portanto, os poetas e os artistas estabeleceram a imagem poética, comparando a forma da Galáxia com o leite. 

 Fotografia da Via Láctea, por Stéphane Guisard. A imagem mostra a região que abrange o céu da constelação de Sagitário (o arqueiro) para Scorpius (o escorpião). Observatório do Cerro Paranal, Chile, 2009.

Em relação à palavra Galáxia, o dicionário Houaiss registra sua etimologia: “do latim galaxìas,ae  e do grego galaxias ou galaktikos - "leitoso", e kyklos - "círculo". A raiz “gala” de galáxia significa “leitoso”. Portanto, Via láctea, expressão oriunda do latim, no plano metafórico significa “rastro”, ou “caminho de leite”.

Após o século XIX, os cientistas descobriram outras galáxias, como a de Andrômeda e a Grande Nuvem de Magalhães. A palavra então virou termo técnico da Astronomia, sendo utilizado para designar esses tipos de conglomerado de astros. O termo Via Láctea tornou-se somente a galáxia na qual o Sistema solar faz parte.


Concepção artística da estrutura espiral da Via Láctea com dois braços estelares principais e uma barra central. NASA, 2008.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O que é Resenha?



Etimologia
Re – “de novo” + Signum “sinal, assinatura, marca”.
Conceito: apreciação breve de um objeto cultural ou científico.
Objetivo: Apresentar e julgar o objeto resenhado para determinado público, emitir uma opinião, descrever.

Estrutura da resenha
  • Introdução/ apresentação
  • Descrição do objeto ou tema
  • Apreciação crítica
  • Referência bibliográfica

Pontos importantes para a construção da resenha crítica:
  •  Identificar a obra e o autor;
  • Apresentar a obra;
  • Descrever a estrutura e o conteúdo da obra;
  • Analisar criticamente;
  • Recomendar ou não a obra.

Fábula de Esopo: A raposa e as uvas


A raposa e as uvas, ilustrado por Milo Winter, em uma antologia de Esopo (1919).

 
A raposa e as uvas

Uma raposa estava com muita fome e viu um cacho repleto de uvas numa rama. Quis pegá-lo, mas não conseguiu. Ao afastar, disse para si mesma:
 - Estão verdes.
O homem que culpa as circunstâncias fracassa e não vê que o incapaz é ele mesmo.  

Esopo


Äsop (Esopo). Data 1639-1640. Diego Velásquez.

          Esopo, escravo liberto, foi o introdutor da fábula na Grécia (século VI A.C), na tradição escrita. Seu repertório é constituído de inúmeras fábulas e apólogos. Seus textos além de divertir, tinha o objetivo de educar a alma, através  de enredos alegóricos, cujas tramas eram desenvolvidas por animais. No final de cada fábula, havia uma lição moral. Séculos depois, um monge grego chamado Planúdio,  no século XIV, reuniu os textos do fabulista e publicou a obra Vida de Esopo.

Breve comentário sobre o gênero Fábula

Busto de Esopo. Museu Pushkin.


          Fábula (palavra derivada do latim “fari”falar e do grego “phao”dizer) forma narrativa breve que, tal como o apólogo e a parábola, tem o próposito de ensinar virtudes  aos homens. Suas personagens são animais falantes que se comportam como humanos. Nela, as situações narradas denunciam sempre os erros de comportamento que resultam na exploração do homem pelo homem.
          No universo cultural ocidental, considera-se como primeiro fabulista de prestígio o escravo grego Esopo (século VI a. C.). Outro autor de fábulas de destaque é o romano Fedro, que atuou no século I a.C.
          As fábulas de Esopo primavam pela astúcia, enquanto as de Fedro eram amargas e pessimistas, refletindo alegoricamente o contexto histórico em que viveu.


 Ilustração de Jean de La fontaine

              Já no século XVII, o escritor francês Jean de La Fontaine foi responsável por popularizar o gênero em toda Europa.



          Ele publica, no ano de 1668, a obra  Fábulas Escolhidas. O livro era uma coletânea de 124 fábulas, dividida em seis partes. La Fontaine dedicou este livro ao filho do rei Luís 14. Na verdade, La Fontaine não elaborou novas fábulas, o que fez, com bastante maestria, foi recontar as fábulas da tradição greco-latina, revisitando Esopo e Fedro. As fábulas foram moldadas num estilo clássico, transformadas em instrumentos satíricos. O autor fancês critica o caráter e os costumes da época, utilizando os animais para retratar os vícios e as maldades dos homens. Os animais se constituíram, ao longo do tempo, em símbolos seculares. Por  exemplo, o leão apesar de representar nobreza, também simboliza a tirania e o despotismo, a rapoza simboliza a esperteza, a formiga o trabalho, etc.



Modelo de Resumo: Branca de Neve


 

Branca de Neve atravessa a floresta sozinha. Ilustração por Chales Santore.

 

A narrativa conta-nos a história de uma bela princesa que despertou a ira de sua madrasta, devido a sua inigualável beleza. Aconselhada pelo Espelho mágico, para se tornar a mais bela, a madrasta envia o caçador para matá-la. Ele, porém, teve piedade e a libertou. Na floresta, Branca de Neve descobre uma casinha com móveis minúsculos. A casa pertencia aos sete anões, que ao encontrar a jovem, convidam-na para morar com eles e ajudar na lida doméstica. O Espelho alerta a Madrasta que a Branca continuava viva. Ela consegue encontrá-la e disfarçada de velhinha, oferece-lhe uma maçã envenenada. Branca de Neve prova do fruto e cai. Os anões a encontram com aparência de morta e ficam desconsolados. Eles levam o seu corpo para floresta. Um príncipe que passava de cavalo pela região encontra os anões e se apaixona pela bela. Após dar um beijo em Branca de Neve, desperta-a do sono e eles se casam.